INTRODUÇÃO
Estamos no
último mês do Ano Litúrgico. Eis que se aproxima o inicio de mais um Ano
Litúrgico que vejo como uma grande oportunidade para celebrarmos a vida, para
sentirmos o quanto Deus nos ama e nos quer perto dele. E o tempo do Advento, que se inicia em 01 de dezembro, vai
nos preparar para vivermos profundamente todos os aspectos do Ano Litúrgico.
MAS O QUE É O ADVENTO?
O Advento
vem da palavra latina “Adventus”, que quer dizer chegada. Quer dizer, chegou a
hora de prepararmos para a grande solenidade
do Santo Natal do Senhor. Para nós cristãos, essa preparação já nos traz grande
alegria, nos deixa na expectativa, onde esperando o Nascimento de Jesus Cristo,
vivemos o arrependimento, promovendo a fraternidade e a Paz. A duração deste
tempo é de quatro
semanas.
A espiritualidade do Avento
A
espiritualidade do Advento aponta para valores essenciais na vida dos cristãos,
como “a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão”.
Alegria, porque vemos Deus cumprindo a suas promessas: “o
Salvador virá”; essa alegria deve não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo
que se espera vai acontecer com certeza. Não é uma ficção, mas uma realidade
concreta e atual. O que a Igreja espera é o que esperava Israel e já foi realizado
em Cristo, mas que só se consumará definitivamente na “parusia” (volta) do Senhor.
Por isso, a Igreja canta com voz forte: “Maranatha”! Vem Senhor Jesus!
Esperança porque, como diz São Paulo a Timóteo Cristo é a
nossa esperança. O que se espera é que todas as coisas sejam renovadas, todas as
nossas misérias sejam suprimidas, pecados e fraquezas serão transformados e fortalece
a nossa paciência diante de tantas dificuldades e tribulações da vida.
Conversão porque se não retornamos a Cristo com todo o nosso
ser não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da vinda do
Senhor. É necessário, como fez João Batista, que “preparemos o caminho do
Senhor “ nas nossas próprias vidas, nos dispondo para a oração e numa profunda leitura
orante da palavra de Deus.
Pobreza, não só material, mas aquela pobreza que nos faz abandonar
e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos, pois Jesus viveu em
tudo a condição humana menos o pecado. O Filho de Deus colocou-se inteiramente
nas mãos do Pai.
Personagens bíblicos deste tempo
Isaías é o profeta que, durante os tempos difíceis do
exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do
seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação) anuncia a libertação,
fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando
assim os exilados. As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene
de esperança para os homens de todos os tempos. Ele que no capítulo 7 do seu
livro já anuncia a vinda do Senhor.
João Batista é o último dos profetas
e segundo o próprio Jesus, “mais que um profeta”, “o maior entre os que
nasceram de mulher”, o mensageiro que veio diante d’Ele a fim de lhe preparar o
caminho, anunciando a sua vinda (Lc 7, 26 - 28), pregando aos povos a
conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados (Lc 1, 76s). A figura
de João Batista como precursor aponta o Senhor como presença já estabelecida no
meio do povo. Assim ele encarna todo o espírito do Advento. Por isso ele ocupa
um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro
domingo.
José se destaca nos textos bíblicos como o esposo de
Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de
Jesus. Ao ser da descendência de Davi e
pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se
cumpra em Jesus o título messiânico de “Filho de Davi”. José é justo por causa
de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.
Maria de Nazaré: a mulher do sim a Deus e do serviço aos
irmãos. Maria tem algumas referências significativas, sobretudo na versão
Lucas, autor do Evangelho da Infância. São textos que impõem Maria de Nazaré
como um modelo de espera atenta do Senhor. É por isso que, com João Baptista,
ela é uma das figuras que a liturgia propõe à nossa consideração e que pode
ajudar-nos a viver de forma mais empenhada e coerente o nosso “caminho de advento”. (Joaquim M.G. Mendes scj).
Símbolos do Advento
Existem
muitos símbolos referentes ao Advento e Natal. Aqui gostaria de destacar apenas
dois: a cor dos paramentos e a coroa do Advento.
Os paramentos deste tempo litúrgico levam a cor roxa. A única
exceção é o terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete ou da Alegria, cuja
cor tradicionalmente
usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador
que está bem próxima.
A coroa do Advento tem a forma de circular representando
a eternidade. Os Cristãos utilizaram a Guirlanda ou coroa do Advento como um símbolo
de esperança e amor divino. O material da qual é formada, galhos de pinheiros e
azevinho, é verde como a esperança e seu laço vermelho, simboliza o amor de
Deus aos homens. As quatro velas simbolizam os 4 domingos do advento (cf.
<ideeanunci ai.wordpress.com/2010/11/ 30/símbolos-do-advento/).
O Advento
deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o
Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino
como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo
mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos
sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do
Natal de Jesus.
Conclusão
“O Advento
é ponto de partida e ponto de chegada do ano litúrgico (espiral do tempo). A
Igreja se prepara para o Natal, recordando o nascimento histórico de Cristo. O
Advento apresenta sempre a tríplice “vinda” de Cristo: Cristo veio, Cristo vem,
Cristo virá (ontem, hoje e sempre). É esta a chave de leitura dos textos
litúrgicos do advento. Cristo veio. Mas de que adianta se ele não vem agora
para cada pessoa? “Nós é que temos que nascer para Ele” (fr.Walter Hugo).
Portanto, Advento é também o nosso tempo; estamos sempre no “advento” de nós mesmos.
Cada um vive no Antigo Testamento de si mesmo. Celebrando sua vinda histórica, realiza-se
sua vinda atual no mistério do culto, realizando-se assim, mais uma etapa da
preparação da última vinda de Cristo. A Igreja vive e celebra esta tensão do
“já presente” e do ainda “por vir”. Cristo é sempre
aquele que ainda deve vir e continua chegando para cada um e para todo o mundo” ( h t t p :
/ / w w w. f r a n c i s c a n o s . o r g . b r /?p=5869#sthash.E2rxFS6L.dpuf;
cf. também: CIC n.524 ).
Frei Benedito Félix da Rocha
Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Mercês - Curitiba/PR
Fonte: Jornal O Capuchinho - Novembro/2013
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