01 - Qual o significado do termo prosperidade?
Derivado do latim, significa ventura, boa saúde. por extensão, quer dizer acúmulo de bens materiais, fortuna, riqueza, abundância, fartura.
02 - Há relação entre dízimo e prosperidade?
Muita e profunda. O dízimo exercita o coração do dizimista que aprende tanto a contribuir como a receber.
03 - É a isso que se dá o nome de "Teologia da Prosperidade"?
Não. A chamada "Teologia da Prosperidade" surgiu nos Estados Unidos, no século passado, entre pregadores evangélicos, que afirmavam o seguinte: quem é fiel a Deus é rico ou, pelo menos, tem uma ótima situação financeira.
04 - Essa "Teologia da Prosperidade" faz sentido?
Não! Se ela fosse verdadeira, Deus não passaria de um negociante, sempre interessado em nossos bens materiais. E o que é pior: mais interessado em nosso dinheiro e outros bens do que em nós.
05 - Que textos bíblicos a "Teologia da Prosperidade" usa para justificar o que ensina?
Três textos, em especial: Gn 17, 7-8; Mc 11, 23-24; Lc 11, 9-10. Alguns também usam o texto de Ml 3, 10b. Esses e outros textos bíblicos, quando retirados fora de seu contexto e distorcidos, dizem aquilo que a Palavra de Deus não quer dizer.
06 - Que considerações devemos fazer a esse respeito?
As principais são as seguintes: 1. Deus não precisa de nada do que é nosso. Ele é completo em si. Ele não se torna mais ou menos Deus por que oferecemos esta ou aquela quantia de dinheiro. em Deus não existe carência, porque ele não tem as limitações que nós temos; 2. Quando Deus pede algo para nós - como amor, fidelidade, louvores - Ele não faz isso porque necessita de nossa ajuda e sim porque Ele quer estimular em nós a procura por Ele; 3. Deus não tem nada para vender; Ele é pura gratuidade e graça. Se pede algo de nós é para que nós sejamos felizes. Exemplo: ao pedir que observemos os mandamentos, Ele não quer nos subjugar, tratando-nos como seus escravos, mais sim que, observando as suas indicações, vivamos bem a vida e nos realizemos; 4. Tanto ´[e verdade que Ele não vende nada para nós que, além de nos dar a vida por amor, também por amor nos resgatou do pecado e da morte. Ele não fez isso por que ganharia algo, mas para que tivéssemos a vida. Por isso o Filho se fez um de nós, assumindo a condição humana e deixando-se crucificar embora não tivesse cometido nenhum pecado; 5. Só o amor incondicional de Deus por nós explica o plano da criação e o plano da salvação. Deus transbordou em Seu amor, dando-nos origem e vida em plenitude em Jesus. Ele não tinha necessidade de fazer tudo o que fez; se o fez, foi única e exclusivamente por amor; 6. Esse amor que nós, por mais que nos esforcemos, não conseguimos compreender - porque é maior do que nós -, não salvou apenas a alguns, mas a toda a humanidade. Só não se salva quem recusa a salvação consciente do que está fazendo: é o pecado contra o Espírito Santo. Deus quer que todos se salvem porque Seu amor não exclui ninguém; 7. Será possível que esse Deus, plenamente amor, exige de nós dinheiro e outros bens materiais para nos amar e abençoar? É claro que não! Ele ama porque é Amor!
7 - Sendo assim, porque tantos pregadores oferecem graças e bênçãos de 50, 100, 500, 1000 reais ou mais?
Porque são exploradores das necessidades do povo e encontram quem se deixa levar pela conversa deles. Se fosse assim, Jesus teria cometido um grande erro ao afirmar que a viúva pobre, que ofereceu algumas moedinhas, deu mais do que os ricos que ofereceram muito dinheiro (cf. Lc 21, 1-4). É um absurdo o que acontece em certas "igrejas", onde pregadores, tendo a mão "armada" com a Bíblia - e usando e abusando dela - roubam os seus fieis, tirando-lhes dinheiro, carro, terreno, apartamento, etc. Pior ainda quando fazem isso nos momentos em que suas "vítimas" passam por situações de crise ou dor profunda, estando psicologicamente expostas e vulneráveis a esses verdadeiros predadores que se dizem homens e mulheres de Deus.
8 - Isso pode acontecer também na Igreja Católica?
Pode, e acontece. Há pregadores mal preparados que se põem a falar sobre dízimo e, não tendo se preparada para tanto, têm como único argumento o conteúdo da "Teologia da Prosperidade", mesmo que nunca tenham ouvido falar dela. Eles simplesmente propõem uma troca, interpretando erroneamente os textos bíblicos, ao afirmar que quem oferece muito a Deus recebe muito, e quem tem pouco é porque "paga" pouco dízimo. Uma observação: a quase totalidade desses pregadores (católicos) não é mal-intencionada e sim mal preparada, o que causa confusão entre as pessoas e faz com que muitas criem uma aversão ao dízimo e, não raro, à Igreja Católica.
9 - O que é, então, o dízimo?
É uma contribuição, assumida como compromisso com Deus e com a comunidade, e que tem como finalidade a evangelização. Sendo que pelo batismo o próprio Jesus nos envia para evangelizar, o dízimo é uma das formas que temos de investir na ação evangelizadora, sustentando tudo o que diz respeito a ela.
10 - Oferecemos o dízimo para Deus ou para a Igreja?
Para a Igreja, mas por causa de Deus. Como Ele quer que o Evangelho seja anunciado a todas as pessoas, e entregou essa missão à Igreja, nós colocamos em comum parte dos bens que temos para que juntos, correspondamos à confiança que Jesus depositou em nós (cf. Mt 28, 16-20). O dízimo é a melhor forma que temos hoje de investir na evangelização. Como Jesus (cf. Lc 8, 1-3), a Igreja usa de recursos desse mundo para anunciar o Evangelho.
11 - Os dizimistas conscientes, generosos e fiéis são abençoados?
Sim, como são abençoadas todas as pessoa que escolhem a Deus e se deixam abençoar por Ele. São abençoadas não pelo dinheiro com que contribuíram para a evangelização e sim porque abriram o seu coração a Ele. Deus quer abençoar a todos e sempre; para tanto basta que a pessoa abra as portas de seu coração - que só pode ser aberto por dentro - para que o Senhor e sua bênção se façam presentes nela (cf. Ap 3,20). Portanto, o dízimo é uma das chaves que temos para abrir a porta do coração e permitir que Jesus entre nele, e não um jeito de comprar as suas bençãos (que ele não tem para vender, porque as oferece gratuitamente a quem as aceitar).
12 - Em que sentido o dízimo é fonte de prosperidade?
Não no sentido da "Teologia da Prosperidade", que é pura enganação. Para o dizimista consciente, generoso e fiel, que acolhe Deus porque abre o coração a Ele, a prosperidade é fruto da presença de Deus em sua vida. Quem está com Deus está bem, e por isso se dispõe a ter mais saúde, a trabalhar com mais alegria, a servir com mais entusiasmo, a acreditar de fato naquilo que faz, a desempenhar melhor a sua profissão, a encontrar mais gosto em viver, a se relacionar melhor com as pessoas. A prosperidade, consequência do dízimo que nos abre para Deus, é a que traz sentido para a vida e lhe dá um significado mesmo quando existem dores, sofrimentos e dificuldades.
13 - Se alguém "paga" o dízimo com a intenção de ficar rico vai se decepcionar?
Sem dúvida! Deus não precisa desse "pagamento", e nem tem o que fazer com ele. O que Ele quer é a nós, porque nos ama e quer nos abençoar. Quem tenta comprar a Deus fica com as mão vazias não porque Deus o castigue, mas porque ele, ao não se abrir a Deus, o impede de agir nele. O dizimista autêntico faz a sua contribuição e deixa-se abençoar por Deus; ele não faz exigências e nem tem segundas intenções porque tem consciência que Deus sabe do que ele mais necessita. O dízimo é, sim, fonte de prosperidade porque a presença de Deus faz o dizimista prosperar; isso tudo não tem nada a ver com a tal da "Teologia da Prosperidade".
14 - Para concluir
"Nestes tempos de agudo apelo ao individualismo hedonista (uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana) e de fortíssimo consumismo, nos deparamos com o surgimento de propostas religiosas que dizem oferecer o encontro com Deus sem o efetivo compromisso cristão e a formação de comunidade. Desaparece, então, a imagem do Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, cujo zelo por suas criaturas é atento com as aves do céu, com os lírios do campo ou com um único fio de cabelo (cf. Mt 21, 18). Surge a imagem do Deus da troca, do negócio, dando a impressão de que Ele se encontra mais preocupado com o que pode lucrar através de pedidos e reivindicações, notadamente dos que sofrem. Em tudo isso, o discípulo missionário reconhece que não pode existir caminho para Deus revelado em e por Jesus Cristo, se não houver amor (cf. 1Jo 4, 7.20-21). O discípulo missionário sempre desconfiará (cf. 1Jo 4, 1) das propostas religiosas que não brotem do amor nem levem a ele" (CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 211 - 2015, n.15).
Texto retirado do folheto nº 18 da Editora Pão e Vinho
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